quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Literatura: Literatura infantil para deficientes visuais

A literatura infantil para deficientes visuais, seja em braille, em tipologias maiores ou os chamados audiolivros, é um mercado que ainda engatinha no Brasil. Mas, mesmo que tímidas, as conquistas devem ser comemoradas. Roberto Gallo, gerente da Imprensa Braille da Dorina Nowill, conta que a fundação tem recebido um boom de pedidos. "A procura está grande. Hoje em dia, o braille está mais presente no cotidiano. Por lei, os restaurantes devem disponibilizar um cardápio para deficientes visuais, por exemplo. Também há audiolivros para o ensino médio e fundamental, além de dicionários", conta.

Para Elizabeth Serra, Secretária Geral da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil), realmente existe uma expansão da literatura para deficientes visuais, mas o Brasil está chegando tardiamente neste setor. "Essa é uma lacuna que ainda precisa ser preenchida. É ótimo termos cada vez mais livros para esse público, mas em um segundo passo, é importante focar na qualidade da literatura que estamos oferecendo para essas crianças", diz.

Como aponta Isabel Sant´anna de Oliveira, da Confraria das Letras em Braille, o alto custo da produção é um dos impedimentos, já que é mais caro produzir esse tipo de livro - que, geralmente, é impresso em braille e tinta (em uma tipologia maior, acessível para aqueles que não são cegos, mas têm "baixa visão").

São poucas as editoras que vendem esse tipo de literatura. E os livros, geralmente, são adaptações de obras já existentes e produzidos com patrocínio. A distribuição, em sua maioria, é gratuita, mas pouco a pouco, há mais interesse de editoras. Uma das que resolveu entrar no mercado é a Paulinas. "Encaramos essa produção como um desafio. Há tempos queríamos entrar neste setor, e só agora foi possível. Mesmo assim, como não temos gráfica em braille, contamos com a Dorina Nowill para a impressão dos livros", explica Maria Alexandre de Oliveira, editora responsável pelo setor infanto-juvenil da Paulinas.

Apesar dos avanços, ainda há falta de leitores. Como explica Maria Glicelia Alves, pedagoga da Fundação Dorina Nowill, as crianças que são deficientes visuais demoram mais para ter acesso ao mundo da escrita. "Mesmo antes de aprender a ler, ela não enxerga placas e outdoors, por exemplo, como as outras crianças. Portanto, o estímulo deve começar em casa. Além de ler em voz alta para os filhos, os pais precisam estimulá-los a utilizar o tato", explica. Hoje em dia, há braille nos elevadores, em caixas de remédios e em cardápios de restaurantes.

Quem reclama da falta de público é Maria Helena Chenque, responsável pela Biblioteca Braille do Centro Cultural São Paulo. O espaço conta com cerca de mil exemplares em braille para crianças, mas são poucas as que freqüentam a biblioteca. "Como elas não vêm sozinhas, é preciso que os pais estejam disponíveis para trazê-las, o que nem sempre acontece", diz.


Por Anna Luiza

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